Por Bia Parra
Já falei inúmeras vezes o quanto
gosto de Portugal, como diz marido Edu, a palavra que melhor define o país é
surpreendente.
De fato o país impressiona não só
por sua beleza e gastronomia, mas principalmente por sua diversidade. Já dei
alguns pitacos sobre a região do
Alentejo há algum tempo atrás, mas agora acho que está na hora de me aprofundar.
O Alentejo fica no sul de
Portugal entre o rio Tejo e o Algarve. Ao leste faz fronteira com a Espanha,
motivo pelo qual indico muitas vezes aos meus passageiros fazer esta região de
carro e cruzar a fronteira para acabar na Andaluzia.
Vila Viçosa - Paço Ducal |
A região é basicamente rural,
hospitaleira e lotada de belezas naturais e monumentos históricos, mas como
sempre enfatizo, é muito importante saber “o que olhar” para poder avaliar e
desfrutar o melhor dessa terra maravilhosa. Impossível não se encantar com os resquícios
da ocupação romana e árabe, ou ainda os mais de 900 anos de história desde a
Reconquista Cristã do séc. XII evidenciados por alguns castelos e centros
históricos de sabor medieval. Como não se encantar com as edificações dos
descobrimentos e da exploração de ouro do Brasil dos séc. XV a XVIII?! Isso
tudo está lá..
Igreja dos Prazeres - barroco |
Mas como a história não para, o
Alentejo é lindo também para quem quer contemplar obras contemporâneas super
criativas que articulam impressões atuais a valores do passado de forma única
numa rica diversidade de estrutura surpreendente.
PATRIMÔNIO
Já falei de Évora (http://afinalturismo.blogspot.com.br/2011/11/um-pedacinho-de-paraiso-no-alentejo.html) e reforço a
ideia, é uma cidade singular. Seu patrimônio arquitetônico justifica a visita e
obrigatoriedade de permanecer por pelo menos três noites. A região é um
verdadeiro baile pelos mais diversos estilos,
do romano ao neoclássico passando pelo gótico e várias expressões do manuelino,
da renascença ao barroco, numa verdadeira profusão que reúne um conjunto urbano
que vive a arte em sua totalidade.
Gruta do Escoural |
Se o interesse é buscar as
origens o melhor lugar para começar é a Gruta do Escoural, composta por várias
salas e galerias foram ocupadas por grupos de caçadores-coletores Neandertal que
a usaram como abrigo temporário para a prática da caça. (Visitas apenas com agendamento
prévio).
Cromeleque do Almendres |
Já para quem quer ver Construções
Megalíticas (*) do séc. IV e III a.C. sugiro explorar Montemor-o-Novo, Évora e
Monsaraz. O Cromeleque do Almendres é um grande destaque com seu conjunto de 95
monólitos a apenas 13 Km de Évora. Algumas teorias referem que o monumento se relaciona ao culto de
astros, isso é no mínimo empolgante para os místicos, não?!
(*) Para quem não sabe estas construções
são monumentos com base em grandes blocos de pedras rudes, típicas das sociedades
pré-históricas essencialmente do período neolítico com objetivos simbólicos,
religiosos e principalmente funerários.
As construções romanas são a
minha verdadeira paixão, teve início no séc. II a.C. e se prolongou até à queda
do Império no séc. V. A contribuição da cultura romana foi determinante para o
desenvolvimento nas mais diferenças aéreas como na exploração de minérios,
agricultura de ponta, indústria de cerâmicas, extração de sal, salga de peixe.
Também para construção naval, de templos, casas luxuosas, fortalezas e
aquedutos, que juro pra mim são os mais impressionantes, adoro!! A influência
foi tão grande que determinou a língua, o latim como língua mãe do Português.
Por todo o Alentejo é possível encontrar vários vestígios desta época magnífica...
imperdível.
Mesquita de Mértola |
Para aqueles cujo destino é a
Andaluzia, como falei, podem já ter o gostinho pelo Alentejo mesmo. A ocupação árabe
teve início no séc. VIII no sul do pais. Da ocupação o povo herdou novas
técnicas agrícolas e de cultivo, sistema de captação e reserva de agua, novos hábitos
alimentares e principalmente novos gostos artísticos e urbanos. Por isso,
vários castelos e igrejas na Reconquistas foram edificados sobre antigas
Mesquitas e suas particulares construções. O grande exemplo deste movimento é a
Mesquita de Mértola, a única existente em Portugal ainda reconhecível como tal.
Algo que não pode faltar em um
roteiro pelo Alentejo é um tour pelos Castelos, alguns para se hospedar e
outros apenas para flanar pela atmosfera medieval como a rica história da
Fortaleza de Marvão.
Fortaleza de Marvão |
Lugar magnífico no alto da colina de seu povoado e se
manteve intacto durante séculos. Hoje é conhecido como exemplo da arquitetura
erudita
popular entre a ancestral austeridade do granito e a renovada leveza do
cal... must go!!
A Reconquista foi um período único
para a região quando reis e ordens militares religiosas se juntaram contra os “infiéis”.
Desde o início da Nacionalidade do séc. XIX o Clero desempenhou um papel
relevante em Portugal para defender a ortodoxia católica e suas grandes
riquezas latifundiárias.
Hotel Convento do Espinheiro |
Hotel Convento do Espinheiro |
Na reviravolta histórica do séc. XIX em que as ordene
religiosas foram extintas de Portugal, os bens da igreja ficaram de posse do
estado ou foram vendidos para famílias poderosas da época. Esse processo ocorreu
também com os conventos que foram utilizados como museus ou transformados em
hotéis nos quais adoro hospedar meus passageiros.
Adega Mayor |
Num salto para o modernismo, a
partir da segunda metade do séc. XX teve início no Alentejo um processo de
reabilitação urbana dos centros históricos que permite contemplar o passado e o
contemporâneo. Escultores e arquitetos atuais foram convidados a embelezar as
praças e jardins em novos projetos de revitalização que abrangeu grandes obras
como igrejas, adegas, edifícios históricos e casas particulares. Exemplos
imperdíveis são Adega da Herdade de Rocim e a Adega Mayor em Campo Maior.
Nos próximos posts vou falar
sobre o Alentejo ao ar livre, o Alentejo Rural e a alta gastronomia do
Alentejo...me aguardem!!!
Um beijo Bia
*Inspiração 1: www.visitalentejo.com
*Inspiração 2: Turismo de
Portugal
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